quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Unificação da conciência negra.

Unificação
Em São Paulo, pela primeira vez, diversos movimentos conseguiram se articular em apenas uma ação, conta o senegalês Amadour Diene, que mora há 12 anos no Brasil e é coordenador técnico no Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo (USP). Os movimentos se reunirão a partir das 12h do dia 20, no vão do Masp, e farão a Parada Negra pela Avenida Paulista.

“Em 2005, houve comemoração de várias entidades, cada uma da sua forma e deu menos repercussão. Este ano todas as entidades de luta, tanto do movimento negro e até quem não é do movimento negro, perceberam que tem que haver ação unificada”, diz Diene.

Na visão dele, a importância de celebrar o dia da Consciência Negra é despertar a atenção das pessoas para a história do país. “Para quem não é racista, é uma maneira de conscientizar e comemorar e para quem é racista é um jeito de conhecer a história”, afirma.

Diene explica a necessidade de chamar a atenção para a comunidade negra contando uma história curiosa que viveu quando chegou ao Brasil. Como só falava francês, ele passou uma semana no hotel achando que estava assistindo na televisão a canais de língua espanhola. “Até que eu perguntei para um professor por que só passava programa de outro país na televisão. Como eu não sabia diferenciar espanhol de português e as pessoas que eu via pela rua não tinham relação com as que eu assistia, tinha certeza que os canais não eram brasileiros. Eu e meus amigos ficamos nos desafiando para ver quem é que ia achar primeiro um canal do Brasil”, conta o senegalês.

“Mas o professor falou que um dia eu ia entender. E foi uma coisa que eu demorei para entender, porque não é essa imagem que a gente vê do Brasil lá fora”, conclui Diene.

Salvador
Na capital baiana não há feriado no dia 20 de novembro, o que não impede as comemorações. O principal evento também será uma marcha, realizada a partir das 16h do dia 20, que vai sair do bairro do Curuzú até o Pelourinho, com o tema “Reparação já” e o lema “Cotas e estatuto da igualdade racial”.

O movimento exigirá políticas que garantam a inclusão dos negros no acesso à saúde, educação, urbanização e moradia, diz a publicitária Luciana Mota, do Fórum das Entidades Negras da Bahia, que reúne 14 entidades ligadas à comunidade negra, e há seis anos organiza eventos para comemorar a data.

A importância do dia 20, para Luciana, além de celebrar a imortalidade de Zumbi dos Palmares, é “relembrar as religiões de matriz africanas e reafirmar a luta pela consciência negra”. Ela ressalta que este ano há uma abertura maior no campo político para que as entidades façam propostas para a comunidade negra.

A Bahia é o estado com a maior proporção de negros no país. Ao todo, 10,8 milhões de pessoas - ou 78,8% da população baiana - se declararam pretas ou pardas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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